Foto:Rovena Rosa/Agência Brasil
O Brasil apresentou avanços significativos na redução do número de crianças e adolescentes que vivem abaixo da linha da pobreza, de acordo com um estudo recente do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) . Publicado em 16 de janeiro de 2025, o relatório intitulado “Pobreza Multidimensional na Infância e Adolescência no Brasil – 2017 a 2023” revela que, se em 2017, 25,44% das crianças e adolescentes até 17 anos se encontraram nessa situação, em 2023 esse percentual caiu para 19,14% . Isso representa aproximadamente 9,8 milhões de jovens em famílias com renda inferior a R$ 355 meses por pessoa.
Um Olhar Além da Renda
O estudo do Unicef não se limita à análise monetária da pobreza. Ele introduz o conceito de pobreza multidimensional , que leva em consideração diversos fatores essenciais para o bem-estar das crianças, como acesso à educação, água potável, saneamento, moradia adequada e segurança alimentar. A chefe de Políticas Sociais do Unicef no Brasil, Liliana Chopitea , enfatiza que “a pobreza multidimensional está diretamente relacionada com os direitos” e que uma criança em privação de direitos está, de fato, em uma situação de pobreza.
De acordo com o relatório, apesar da queda no percentual de crianças e adolescentes em situação de pobreza, 8,1% ainda vivem em condições de pobreza extrema, o que corresponde a cerca de 4,2 milhões de jovens com renda inferior a R$ 209 meses. Esses números refletem a necessidade de políticas públicas mais eficazes e direcionadas que não apenas tratam a pobreza em termos financeiros, mas também abordem as diversas dimensões que afetam a qualidade da vida das crianças.
Dimensões em Foco: Avanços e Desafios
O estudo revela dados encorajadores em várias áreas. Por exemplo, o acesso à água potável para crianças e adolescentes sem esse recurso caiu de 6,8% para 5,4% entre 2017 e 2023. O percentual de crianças sem acesso ao saneamento básico também deficiente, passando de 42,3% para 38% . Além disso, a privação de acesso à informação caiu de 17,5% para 3,5% .
No entanto, a pesquisa também acordos em áreas que ainda requerem atenção. Apesar das melhorias, o percentual de crianças e adolescentes no trabalho infantil apresentou-se estável, com 3,4% em 2023, o que ainda representa cerca de 1,7 milhão de jovens nessa situação. Além disso, a insegurança alimentar, embora em queda, ainda afeta 36,9% das crianças, evidenciando a necessidade de ações contínuas e eficazes.
O Papel Crucial das Políticas Públicas
Um dos fatores destacados no relatório para a redução da pobreza e a ampliação do Bolsa Família , além das medidas emergenciais como o Auxílio Emergencial durante a pandemia. Chopitea enfatiza a importância de manter um foco nas políticas que priorizam a infância e a adolescência, afirmando que "qualquer direito que não seja garantido na idade certa pode ter consequências a longo prazo".
A pesquisa revela que, em 2022, aproximadamente 21,6 milhões de famílias eram beneficiárias do programa, um aumento significativo em comparação com os números de anos anteriores. Este suporte financeiro foi vital para permitir que milhões de crianças e adolescentes saíssem da pobreza, com o estudo diminuiu que cerca de 4 milhões de jovens conseguiram melhorar sua situação socioeconômica em 2023 devido a essas iniciativas.
Conclusão: Um Caminho a Seguir
Embora os dados apresentados sejam otimistas, eles também ressaltam a necessidade de uma abordagem holística e integrada para enfrentar a pobreza infantil no Brasil. A luta contra a pobreza multidimensional deve ser uma prioridade nas agendas políticas, com um foco contínuo na implementação de políticas públicas que garantam não apenas a renda, mas também o acesso aos direitos fundamentais. O futuro das crianças e adolescentes brasileiros depende de ação imediata e eficaz para garantir que todos tenham a oportunidade de crescer em um ambiente que promova seu pleno desenvolvimento e bem-estar.
Fonte:Agência Brasil
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