foto:Fernando Frazão/Agência Brasil
Belém, capital do estado do Pará, se prepara para um dos maiores eventos internacionais relacionados às questões climáticas: a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, conhecida como COP30, que ocorrerá de 10 a 21 de novembro de 2025. A magnitude desse evento requer uma transformação significativa na infraestrutura da cidade, especialmente na rede hoteleira, que precisa mais que dobrar o número de leitos disponíveis para atender a uma expectativa de mais de 60 mil visitantes. Este desafio não é apenas logístico, mas também representa uma oportunidade única de legado para a cidade e sua população.
Expansão da Rede Hoteleira: Uma Necessidade Crítica
Atualmente, Belém conta com cerca de 18 mil leitos de hotel, e a meta é chegar entre 45 mil e 50 mil leitos até a COP30. A Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Pará (ABIH-PA) revela que, para alcançar esse objetivo, todos os hotéis estão passando por reformas significativas. O presidente da ABIH-PA, Antônio Santiago, destaca que a iniciativa é fundamental para a cidade se preparar adequadamente para receber chefes de Estado, diplomatas, empresários e outros visitantes de todo o mundo.
Além das reformas nos hotéis existentes, três novos estabelecimentos de alto padrão estão em construção, prometendo aumentar ainda mais a capacidade de acomodação. A expectativa é que essas novas adições ajudem a suprir a demanda crescente, especialmente considerando a construção de transatlânticos que servirão como hotéis flutuantes, oferecendo 5 mil leitos adicionais. As negociações com plataformas como Airbnb e Booking também estão em andamento, buscando cadastrar imóveis que possam ser utilizados durante o evento. Todas essas ações são essenciais para garantir que Belém esteja pronta para receber um fluxo intenso de visitantes.
Investimentos e Legado: O Futuro da Cidade
Os investimentos direcionados à preparação para a COP30 beiram R$ 4,7 bilhões, com um enfoque em infraestrutura urbana, segurança e sustentabilidade. O governo federal, junto com as administrações estadual e municipal, está implementando mais de 30 obras estruturantes que visam não apenas atender às necessidades imediatas do evento, mas também deixar um legado duradouro para a população de Belém. O Parque da Cidade e o Hangar Centro de Convenções, que sediarão as principais atividades da COP30, são exemplos claros desse investimento em infraestrutura.
A modernização da rede hoteleira, apoiada por incentivos fiscais como a isenção do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) para a compra de itens essenciais, também promete elevar a qualidade dos serviços turísticos na região. Antonio Santiago acredita que a realização da conferência não apenas melhorará a capacitação da mão de obra local, mas também resultará em novos empreendimentos hoteleiros de excelência que beneficiarão a cidade a longo prazo.
Desafios Sociais e Ambientais: Um Olhar Crítico
Apesar do potencial de desenvolvimento, a professora Roberta Menezes Rodrigues, da Universidade Federal do Pará, alerta para as armadilhas que esse crescimento pode trazer. A cidade, que já enfrenta déficits significativos em termos de infraestrutura e qualidade de vida, precisa garantir que os investimentos realmente beneficiem a população local. O risco de valorização imobiliária e remoções forçadas de comunidades são preocupações reais que devem ser levadas em consideração durante esse processo de transformação.
Enquanto Belém se prepara para a COP30, é vital que as intervenções urbanas não apenas atendam às necessidades dos turistas, mas também promovam um desenvolvimento sustentável que respeite e valorize a comunidade local. O legado ambiental do evento dependerá de um equilíbrio entre os investimentos em infraestrutura e a proteção dos recursos naturais da Amazônia.
Conclusão: Um Futuro Sustentável em Jogo
A COP30 representa uma oportunidade sem precedentes para Belém brilhar no cenário internacional e assumir um papel de liderança nas questões climáticas. No entanto, para que essa oportunidade se converta em benefícios tangíveis para a população, é essencial que os planejadores urbanos, o governo e a sociedade civil trabalhem juntos. O sucesso do evento não deve ser medido apenas pelo número de leitos disponíveis, mas pela capacitação da população local e pelo legado sustentável que deixará para as gerações futuras. O compromisso com a justiça climática e o desenvolvimento sustentável deve ser o foco central, garantindo que todos os cidadãos de Belém se beneficiem das transformações que estão por vir.
Fonte: Agencia Brasil
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