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| Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasi |
Uma realidade alarmante
Em 2023, aproximadamente 35 mil bebês nasceram prematuramente na Região Norte do Brasil, resultando em uma taxa de prematuridade de 12,61% dos nascimentos, a mais alta do país. Este cenário é particularmente preocupante quando comparamos os dados regionais com a média nacional de cerca de 12%, que já é superior à média global. Os estados de Roraima, Acre e Amapá se destacam com taxas alarmantes, sendo que Roraima apresenta mais de 18% de partos prematuros. Esses números não apenas refletem uma questão de saúde pública, mas também indicam uma série de fatores sociais e ambientais que interagem de maneira complexa, contribuindo para essa realidade.
A professora Aurimery Chermont, da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Pará (UFPA), aponta que a prematuridade é um problema antigo e multifatorial. A falta de educação sexual e de informações sobre a importância do pré-natal são questões cruciais. Muitas mulheres em idade fértil não têm acesso a informações que poderiam prevenir gestações indesejadas e garantir um acompanhamento adequado durante a gravidez. Além disso, as condições de vida precárias, especialmente em áreas remotas ou carentes, agravam ainda mais a situação.
Obstáculos no acesso à saúde
Os desafios enfrentados pelas gestantes na Região Norte vão além da falta de informação. A infraestrutura de saúde é insuficiente, e muitas vezes, as unidades de saúde não disponibilizam os exames necessários. A professora Chermont destaca que, em algumas localidades, as gestantes precisam enfrentar barreiras geográficas significativas para chegar a um posto de saúde. Em áreas onde a mobilidade é restrita, como em palafitas, o transporte fluvial é muitas vezes inviável, especialmente durante as chuvas. Este cenário cria um ciclo vicioso onde a falta de acesso a cuidados pré-natais leva a complicações que poderiam ser evitadas.
A desnutrição infantil e as condições sanitárias precárias são outros fatores que contribuem para o aumento dos partos prematuros. A Região Norte tem a menor proporção de residências com esgotamento sanitário e abastecimento de água no Brasil, o que exacerba a insegurança alimentar. Em 2023, cerca de 30% da população da região estava em situação de insegurança alimentar, o que afeta diretamente a saúde das gestantes e dos bebês.
A resposta do setor de saúde
A Coordenação-Geral de Atenção à Saúde das Crianças, através da assessora técnica Aline Hennemann, ressalta a necessidade urgente de melhorias no pré-natal. Ela argumenta que a qualidade do atendimento é fundamental e deve incluir uma avaliação integral das gestantes, levando em consideração o ambiente em que vivem e suas relações sociais. O pré-natal deve ser mais do que um cumprimento de diretrizes; deve ser uma experiência que realmente atenda às necessidades das mulheres.
Em resposta a esses desafios, o Ministério da Saúde lançou a Rede Alyne, uma nova estratégia que visa qualificar o pré-natal e apoiar a saúde de gestantes e bebês. Este programa está investindo recursos significativos para melhorar a infraestrutura de saúde e oferecer ambulatórios para bebês que saem de UTIs neonatais, a maioria deles prematuros. Em 2023, cerca de 400 milhões de reais foram investidos, com a expectativa de que esse valor chegue a um bilhão de reais em 2025.
Conclusão
A prematuridade na Região Norte do Brasil é um reflexo de problemas sociais e ambientais complexos que exigem uma abordagem multifacetada. A combinação de falta de educação, infraestrutura inadequada e condições de vida precárias contribui para essa realidade alarmante. O caminho a seguir envolve investimento em saúde pública, educação e a criação de políticas que visem melhorar as condições de vida das populações mais vulneráveis. Somente assim será possível reduzir as taxas de prematuridade e garantir que todas as crianças tenham um início de vida saudável.
Fonte: Agencia Brasil
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